quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um olhar me inspirou

Ele a observava. Com olhares rápidos, mas era o suficiente para contempla-la. Não permitia que seus olhos se encontrassem com os do dela, pois achava que não merecia. Ele falava pouco. Ela também, mas quando falava, era de uma sabedoria sem igual. Ele não era tão dotado de beleza, mas tinha características bem peculiares, o que pra maioria, não fazia diferença. Ela era fantástica, linda, todos a adorava. Possuía dons invejados, mas tinha uma humildade admirável. Ele não sabia porque a olhava tanto. Nem sabia que a olhava demais, até que ela percebeu. Dava sorrisos tortos, e recebia o sorriso brilhante dela. Começou a gostar. Repetiu uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Ela deve me achar um idiota. Estava enganado. Ele tinha um ar de mistério que ela adorava. Alias, ela também o observava, mas era mais discreta.
Ele não sabia o que era aquilo. Ela roubava todo o ar ao redor, brilhava como ninguém. Ele colocava as mãos nos bolsos pra seca-las e esconde-las. Não conseguia controla-las. Os seus órgãos, todo o seu corpo, parecia trabalhar mais rápido quando ela chagava. Se sentia um idiota sentindo aquilo que não conhecia. Já ela conhecia bem, mas não sentia. Estava vazia, seca. O sorriso que trazia no rosto, era apenas um modo de fazer com que ninguém perguntasse sobre sua vida. Quem a olhava logo pensava: ela deve ter a vida perfeita, tem o que e quem quiser. O que era mentira. Ela nunca teve o que queria, tão pouco quem queria. Fazia proveito das coisas que tinha. Agarrava todas as oportunidades, pois sabia que elas nunca se perdem. Sempre haverá alguém, que vai aproveita-las. Era forte. Mas quando estava sozinha, chorava. Não por tristeza mas por saudade. É claro, ele não sabia disso. Ninguém sabia. Ele estava descobrindo algo, que ela morreria pra nunca mais ver.
Ele a observava. Hoje ela estava de vestido. Não pôde acreditar. Ela conseguia superar cada dia mais sua beleza. Beleza essa contemporânea.
Sala quente no calor, fria demais no inverno, mas com ela ali, tudo estava bom. E ela querendo sumir. levantou-se rápido e saiu correndo. Ninguém nunca sabia pra onde ela ia, e não era a primeira vez que acontecia. Ela ia chorar. Vontade essa que sempre surgia do nada. Se ele soubesse, que ela odiava a vida e vivia por viver... Mas não sabia. Ninguém sabia.
Estava calor, e aqueles cabelos caídos nos ombros misturado com o sorriso impecável dela, fazia ele respirar melhor.
E tudo o que ela queria, era saber quem alguém sentia o mesmo.


Cristina

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