terça-feira, 6 de julho de 2010

Virgulas

Fechei os olhos com força. Não sei se foi para me controlar, para acreditar, ou para as lágrimas não saírem. Estava muito frio naquela noite, e eu estava congelando.

Suas mãos encostaram nas minhas. Você estava quieto, pensativo, só me observando. Eu não parava de tagarelar, mas você não se importava. Pelo menos parecia não se importar.
Quando parei de falar, em busca de ouvir sua voz, você apenas pegou minhas mãos e colocou no seu peito. Eu não sei explicar o que eu pensava. Você era um garoto bastante peculiar, mas eu não sentia nada além de curiosidade por você. Até aquele momento. Você estava olhando dentro dos meus olhos, e seu coração estava a mil. Eu não entendi. Você parecia querer me dizer algo, mas eu não quis captar a mensagem. Me desviei de você, ri, como sempre fazia. Você era engraçado. Dava vontade de rir do modo como você falava, de como andava, de como comia. Parecia uma criança, querendo ser adulto.
Você me olhou visivelmente frustrado e checou em volta, pra ver se ninguém tinha visto a cena. Eu queria estar longe, fugir disso tudo, mas o máximo que pude fazer, foi falar alguma coisa sem nexo.
Acho que você tinha desistido de mim. Tudo o que eu mais temia.Você olhou novamente, mas eu não pude corresponder ao olhar. Sai andando. Mas para minha surpresa, você não veio atrás de mim. Ficou parado me olhando. Então ficamos ali, há 5 metros de distancia, nos olhando. Eu não tinha porque ir até você, e você não ia tentar mais.
E então, você me deu as costas, e se foi. Era como se meus pés, de repente, estivessem colados no chão, e eu não pude me mover. Na verdade, eu não sei o que faria. Se sairia correndo de vergonha de mim, ou se iria atrás de você.
Eu tinha te perdido, sem nunca ter te possuído.

Abri os olhos. Suas mãos estava aquecendo as minhas.


Cristina

Um comentário:

  1. O melhor que eu ja li mesmo =O
    Adorei de coraçao. Me prendeu ate do inicio ao fim.

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