segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lírios

E vai ser depois de terminar de comer esse Sonho de Valsa. Vou voltar a reclamar de tudo, do chocolate que acabou, da minha vida, dessa coberta que não esquenta o suficiente. Mas enquanto ele não acaba, tudo está bom. Vou interpretando as coisas como eu queira que fosse. Vou tossindo menos.
É que agora a pouco, morri de vergonha. A campainha tocou, e eu não fazia idéia de quem era. Espiei pela janela, e era você. Juro que era. O mesmo modo de fingir que não estava olhando, o mesmo corte de cabelo. Entrei em desespero. Que diabos você estava fazendo ali? Tentei dar um jeito no meu cabelo irreparável, e fui lá receber o seu abraço e pedido de desculpas. No caminho até porta, todas a imagens do último ano vieram a minha cabeça. Lembrei do meu pedido no ano novo, alguém lindo, retardado e louco como você. Mas eu estava desesperada, você estava ali. Como assim? Pra que? Você não ia me pedir desculpas, não mesmo. Nem se eu contasse, que você me deixou arrasada, e profundamente triste, precisando do apoio dos outros.
Mas agora, você estava ali. Abri a porta, e um cara bem bonito por sinal, me olha como se eu fosse louca e pergunta: "Você é a Cristina?". Respondi com um pouco de medo, confesso, "Sim sou eu". "Essas flores são pra você", "Que? Quem mandou?", "Não quis de identificar, só disse que é um admirador secreto". E o cara foi embora. Que porcaria de admirador secreto é esse? Que merda, odeio flores. O cara vem na minha casa, me entrega flores, e ainda é igual a você. Eu mereço. Se ao menos fossem lírios.

Cristina

Um comentário:

  1. Gostei muito.
    Acho muito dahora o seu jeito de escrever coisas que não são reais

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